Imagem 1: Mapeamento de Afluentes, Instituto Astral

A ideia de cuidar das nascentes do Rio Jacaré Pepira já vem sendo discutida há um tempo, tanto que até mesmo foi feito um mapeamento pela ONG Rio Vivo de 37 nascentes numa área de interesse mais próxima à cidade. Porém, em 2020, o Instituto Astral começou a tomar forma diante deste mesmo interesse: de proteger as nascentes. Ao longo das discussões realizadas, dos entendimentos tanto da população, quanto dos proprietários rurais, quanto também de pessoas que trabalham com o meio ambiente, ficou claro que não bastava apenas preservar e restaurar as nascentes. Era preciso dar uma atenção significativa também para os afluentes que abasteciam o rio.

A proteção dos afluentes se baseia no ponto que o cuidado com o volume de água que chega ao rio é de extrema relevância. Este volume pode sofrer algumas alterações desde a nascente até o deságue, isto porque a água que passa pelos afluentes pode ser redirecionada para diversos usos, dependendo da outorga emitida e autorizada pelo DAEE. Além disso, processos naturais, porém de causas humanas, podem vir a ocorrer com mais frequência: o assoreamento dos afluentes é uma causa direta da retirada de mata ciliar para pastoreio ou produção de lavouras. Do mesmo modo, a qualidade das águas pode ser danificada ao longo do tempo por escoamento superficial de compostos químicos da lavoura, ou ainda ser contaminada pelas fezes e urinas dos animais de grande porte, e dependendo do caso, se o afluente tiver uma vazão muito pequena e nenhuma proteção, pode vir a desaparecer com o pisoteio destes mesmos animais e pelos outros danos mencionados.

Diante disso, o Águas de Brotas foi criado em 2020 com o intuito de mapear as nascentes do Rio Jacaré Pepira, a fim de protegê-las junto com os proprietários de terra por onde afloram nessas águas tão limpas e importantes para nós. A ideia do projeto é entender como a nascente se comporta através de ferramentas de mapeamento de histórico, saber a quem ela pertence, dito que as nascentes devem ter uma Área de Proteção Permanente com raio de 50 metros mínimos ao redor do afloramento, e então conscientizar o proprietário a fazer um cuidado verdadeiro daquela nascente. O projeto se expande também para as margens de córregos, riachos e rios, a fim de aumentar a quantidade de mata ciliar para que mais água entre na Sub-Bacia do Jacaré Pepira.

Ao todo, já foram mapeadas 1140 nascentes desde março de 2020. Mais de 350 destas nascentes estão em situação de emergência (completamente secas ou assoreadas) ou em processo de emergência. Isso vale também para as margens de mata ciliar, onde praticamente o mesmo número estão encaminhados para a mesma situação.

Imagem 2: Delimitação Afluentes, Instituto Astral

No mapeamento em que realizamos, encontramos nomeados 16 afluentes que abastecem o Rio Jacaré Pepira. Dentre eles:

 

  1. Ribeirão Bonito: Quantidade de afluentes: 12
  2. Ribeirão dos Pinheirinhos: Quantidade de Afluentes: 253
  3. Ribeirão Pedra de Amolar: Quantidade de afluentes: 25
  4. Ribeirão da Rasteira: Quantidade de afluentes: 59
  5. Ribeirão da Lagoa Dourada: Quantidade de afluentes: 0
  6. Ribeirão da Lagoa Seca: Quantidade de afluentes: 0
  7. Ribeirão do Gouveia: Quantidade de afluentes: 32
  8. Córrego do Monjolo: Quantidade de afluentes: 7
  9. Ribeirão do Tamanduá: Quantidade de afluentes: 78
  10. Ribeirão Goiabal: Quantidade de afluentes: 49
  11. Córrego do Barreiro: Quantidade de afluentes: 21
  12. Ribeirão Claro: Quantidade de afluentes: 50
  13. Ribeirão Pinheirinho: Quantidade de afluentes: 78
  14. Ribeirão dos Pintos: Quantidade de afluentes: 41
  15. Córrego do Ceveiro: Quantidade de afluentes: 19
  16. Córrego do Porto do Coqueiro: Quantidade de afluentes: 39

Você pode saber mais sobre estes afluentes visitando a exposição! Um dos atrativos dela é um painel interativo, onde você pode saber a situação de cada um destes ribeirões e córregos.

Em Brotas, no caso, o Rio Jacaré Pepira existe uma situação que temos muitos de seus afluentes assoreados pela terra de enxurradas, e também pelo fato da retirada de água de forma desenfreada uma vez que o índice Q7,10 que determina quanto cada propriedade pode retirar de água da bacia está totalmente desatualizado, ele data da década de 1960, e entendemos que colocando nas condições ambientais atuais, ele se encontra totalmente defasado.

As informações reunidas no projeto provêm de diversas bases de dados, nacionais e internacionais. O Google Earth foi uma das plataformas de imagens de satélite gratuitas mais utilizadas. Através dele definimos a área de estudos e de mapeamento, observando as nuances de vegetação e cursos d’água. As ferramentas de reconstrução de histórico e de timelapse foram essenciais para entender como a ação humana impactou e alterou a natureza ao longo dos anos. Contudo, para o aprofundamento das informações foi preciso criar um cadastro e realizar um envio de permissão de uso de dados particulares do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), comprovando os objetivos da pesquisa. Contatamos também o CAR (Cadastro Ambiental Rural), IBGE, Agência Nacional de Águas, Comitê de Bacias, DAEE, entre outros. 

A intenção com a pesquisa foi criar uma base de informações, tanto para uso comunitário (desde educação ambiental até curiosidade de modo geral) e quanto para futuras pesquisas para manejo e conservação, além de claro, criação de políticas públicas relacionadas ao meio ambiente.

Quer saber mais? Entre em contato conosco ou venha visitar nossa exposição! Estaremos esperando!

Texto Original: Ruan Vinicius Smaniotto de Souza – Ecólogo, Instituto Astral.

Palavras Chave: Rio, Nascentes, Afluentes, Mapeamento.

Fonte:

RELATÓRIO DE SITUAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS 2020 – Ano base 2019

Águas de Brotas – Mapeamento Hídrico

Bases de Dados – CAR, DATAGEO, IBGE, ANA, e Google Earth.

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